O Projecto Manhattan foi um projecto liderado pelos Estados Unidos da América, com participação do Reino Unido e do Canadá, do qual resultou o desenvolvimento e criação das primeiras bombas atómicas, durante a 2.ª Guerra Mundial. A componente militar do projecto era designada por Manhattan District ou Manhattan Engineer District (MED), mas Manhattan passou gradualmente a ser usado como o nome de código do projecto. Começou por ser um pequeno programa de pesquisa, mas chegou a empregar mais de 130.000 pessoas, e teve um custo de cerca de 2.400.000.000$US, sendo mais de 90% dessa verba para construir centrais e produzir materiais cindíveis, e menos de 10% para a produção e desenvolvimento de bombas. A pesquisa e a produção foram realizadas em mais de 30 locais, alguns secretos, incluindo universidades dos três países participantes. Os três locais primários eram as instalações de produção de plutónio em Hanford, Washington, as instalações de enriquecimento de urânio em Oak Ridge, Tennessee, e o laboratório de pesquisa e design de armas em Los Alamos, Novo México. O Projecto Manhattan também estava encarregue de recolher informação do projecto de energia nuclear alemão, através da operação Alsos, capturando materiais nucleares e cientistas alemães. O MED manteve controlo sobre a produção de armas atómicas norte-americanas até à formação da United States Atomic Energy Commission, a 1 de Janeiro de 1947, que tomou conta do projecto.
A 2 de Agosto de 1939, o presidente dos Estados Unidos da América, Franklin Roosevelt, recebeu uma carta assinada por Albert Einstein, conhecida por carta de Einstein-Szilard por ter sido maioritariamente escrita por Leo Szilard, embora Edward Teller e Eugene Wigner também tivessem, sugerindo que os EUA deviam iniciar as suas próprias pesquisas sobre o urânio, como fonte de energia e eventualmente uma nova arma extremamente poderosa. Mais tarde, após os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, Einstein arrependeu-se de ter assinado tal carta. Devido à preocupação com a invasão da Polónia pelas tropas de Hitler, só a 11 de Outubro de 1939 Roosevelt prestou atenção à carta e autorizou a criação do Advisory Committee on Uranium, que entrou em funcionamento a 21 de Outubro, liderado por Lyman James Briggs, director do National Bureau of Standards. Dispunha de um orçamento de 6000$US para experiências baseadas em neutrões, que foram executadas por Enrico Fermi na Universidade de Chicago.
Em Novembro de 1939 o comité informou Roosevelt que o urânio era uma possível fonte de bombas com um poder de destruição largamente superior ao disponível na época. Briggs propôs que o National Defense Research Committee (NDRC) investisse 167.000$US em pesquisas no urânio e plutónio, em particular o isótopo urânio-235. Em Março de 1940, na Universidade de Birmingham, Otto Frisch e Rudolf Peierls escreveram o chamado memorando Frisch-Peierls, que continha novos cálculos sobre a massa crítica necessária para construir uma bomba atómica, que indicavam uma ordem de magnitude de 10 kg, sendo assim as bombas passíveis de transporte aéreo (as estimativas iniciais tinham apontado para os milhares de toneladas). Deste memorando resultou também a instalação do British Maud Committee.
Um dos membros dessa comissão, o físico australiano Marcus Oliphant, reuniu-se, nos finais de Agosto de 1941, com o Uranium Committee, para desviar o desenvolvimento da produção de energia para a produção de uma bomba. A 6 de Dezembro, Vannevar Bush preparou uma reunião para acelerar o projecto de pesquisa, designadamente o enriquecimento do urânio, e a 18 de Dezembro teve lugar a primeira reunião do projecto S-1 da OSRD, dedicada ao desenvolvimento de armas nucleares. Entre Julho e Setembro de 1942, o físico Robert Oppenheimer realizou uma conferência de Verão na Universidade da Califórnia, Berkeley, para discutir o desenho da bomba de cisão, na qual Edward Teller mencionou a possibilidade de se construir uma bomba de hidrogénio.
Foram produzidas durante a guerra dois tipos de bombas atómicas . Uma bomba de cisão de tipo balístico, feita de urânio-235, obtido por separação electromagnética, gasosa, ou termal, maioritariamente em Oak Ridge. Este método não era viável com o plutónio, pelo que se desenvolveu uma bomba de implosão em Los Alamos, com o nome de código The Gadget. O primeiro dispositivo nuclear detonado no teste Trinity perto de Alamogordo, Novo México, em 16 de Julho de 1945. A 6 de Agosto de 1945, uma bomba nuclear tipo balístico, denominada Little Boy, foi largada sobre a cidade de Hiroshima, e uma outra mais complexa, contendo plutónio, denominada Fat Man, foi largada em Nagasaki três dias mais tarde.
Raimundo Martins
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