quarta-feira, 15 de junho de 2011

Francis Bacon

Sir Francis Bacon (mais tarde Lord Verulam e Visconde de St. Albains) nascido a 22 de Janeiro de 1561 em Londres foi um político, advogado, historiador, escritor e filósofo inglês. Embora tenha tido uma vida política bem sucedida, sendo eleito para a Câmara dos Comuns e desempenhado as funções de procurador-geral, fiscal geral, guarda do selo e Grande Chanceler durante o reinado de Jaime I, foi na filosofia que mais se destacou:  o seu trabalho foi um dos motores da revolução científica.

Bacon, o pai do empirismo, estabeleceu e popularizou a metodologia indutiva ao serviço da investigação científica dando origem ao que hoje denominamos método científico. Ele acreditava que o conhecimento científico tinha por finalidade servir o homem sendo apenas um meio de conquistar poder sobre a Natureza
O objectivo do método de Bacon, ou Baconianismo, é instituir uma nova maneira de estudar os fenómenos naturais. Para Bacon, a descoberta de factos verdadeiros não depende do raciocínio aristotélico mas sim da observação e da experimentação reguladas pelo raciocínio indutivo. O conhecimento verdadeiro resultaria, portanto, da concordância e variação dos fenómenos que, se devidamente observados, apresentam a causa real dos fenómenos.

Devia-se para isso descrever os factos observados, registar as presenças, ausências e variações do efeito ou fenómeno investigado de modo que seria possível chegar à verdadeira causa eliminando as causas não relacionadas. Este método faz a distinção entre uma experiência vaga e uma experiência válida embora não suporte a hipótese nem a dedução matemática para o avanço da ciência. Esta falha deve-se, talvez, ao facto de ter estudado em Cambridge, um reduto platónico (costumava ligar a matemática ao uso que dela fizera Platão).

A produção intelectual de Bacon foi vasta e variada. De um modo geral, pode ser dividida em três partes: jurídica, literária e filosófica, sendo a última a mais importante. Francis Bacon comprometeu-se a planear a reabilitação e reorganização de todo o conhecimento e aprendizagem sob a forma de um gigantesco trabalho intitulado Magna Instauratio, em português Grande Instauração, que apresentaria todos os pensamentos do autor sobre uma grande diversidade de assuntos na forma de ciência prática. Apenas foram escritas duas partes das seis planeadas sendo a primeira intitulada De Dignitate et Augmentis Scientiarum e a segunda  Novum Organum. Juntos estes dois trabalhos apresentam os elementos essenciais filosofia de Bacon.

No primeiro trabalho, De Dignitate et Augmentis Scientiarum, é delineada uma nova divisão do conhecimento humano em três categorias principais: Historia, Poesia e Filosofia a que é associada respectivamente às três faculdades fundamentais da mente, a memória, a imaginação e a razão.

O segundo trabalho, Novum Organum, em português Novo Órgão, pensa-se que deve o seu nome ao trabalho de Aristóteles sobre lógica muito estudado durante a idade Média denominado pelos seus discípulos por Organum e sendo, portanto, uma reformulação do trabalho de Aristóteles que Bacon rejeitava.

No  Novum Organum, Bacon preocupou-se inicialmente com a análise de falsas noções (ídolos) que se revelam responsáveis pelos erros cometidos pela ciência ou pelos homens que dizem fazer ciência. É um dos aspectos mais fascinantes e de interesse permanente na filosofia de Bacon. Esses ídolos foram classificados em quatro grupos:

- Idola Tribus (ídolos da tribo). Ocorrem por conta das deficiências do próprio espírito humano e revelam-se pela facilidade com que generalizamos com base nos casos favoráveis, omitindo os desfavoráveis. O homem é o padrão das coisas, faz com que todas as percepções dos sentidos e da mente sejam tomadas como verdade, sendo que pertencem apenas ao homem e não ao Universo. Dizia que a mente se desfigura da realidade. São assim chamados porque são inerentes à natureza humana, à própria tribo ou raça humana.

- Idola Specus (ídolos da caverna). Resultam da própria educação e da pressão dos costumes. Há, obviamente, uma alusão à alegoria da caverna platónica;

- Idola Fori (ídolos da vida pública). Estes estão vinculados à linguagem e decorrem do mau uso que dela fazemos;

- Idola Theatri (ídolos da autoridade). Decorrem da irrestrita subordinação à autoridade (por exemplo, a de Aristóteles). Os sistemas filosóficos careciam de demonstração, eram pura invenção como as peças de teatro.

Se alguém merece o título de “homem Renascentista” é Francis Bacon: destacou-se tanto na literatura como na política, como ainda na filosofia tendo sido considerado pela Royal Society como o criador de uma nova era intelectual. Efectivamente, Bacon não realizou nenhum grande progresso nas ciências naturais. Mas foi ele quem primeiro esboçou uma metodologia racional para a actividade científica.

Morreu a 9 de Abril de 1626 na cidade que o viu nascer ao contrair pneumonia enquanto estudava a preservação da carne no frio.

Marco Gui Alves Pinto

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