terça-feira, 14 de junho de 2011

Abu Ali al-Hasan ibn al-Haytham

Abu Ali al-Hasan ibn al-Haytham mais conhecido pela versão latina do seu nome Alhazen nasceu em 965 possivelmente em Basra, Pérsia no agora Iraque. Ao contrário de muitos outros matemáticos Árabes, sabem-se muitos detalhes sobre a vida de al-Hasan e embora hajam algumas contradições, é possível tentar determinar quais são os acontecimentos mais prováveis de terem ocorrido. É ainda de notar que existe uma autobiografia deste com ênfase no seu desenvolvimento intelectual. Nos seus anos de juventude sabe-se, pela sua autobiografia, que pensava nos conflitos dos vários movimentos religiosos chegando à conclusão que nenhum representava a verdade.

Foi apontado como primeiro-ministro de Basra, e foi ainda com esse título que decidiu estudar Matemática, Física e outras Ciências. É em Basra ainda que a sua reputação como cientista cresce e só algum tempo depois decide viajar para o Egipto.

Al-Hakim, o Califa nesta altura, era um patrono das Ciências e contratou al-Hasan para chefiar uma equipa de engenheiros para controlar o fluxo de água do rio. Existem diferentes relatos sobre o que se passou nesta altura sendo o mais provável de que ao se aperceber que a tarefa era impossível e sendo relegado a um cargo administrativo Alhazen fingiu estar louco para não receber as represálias do então Califa, e ficando confinado à sua casa onde se dedicou aos estudos, até à morte do Califa em 1027, vivendo posteriormente perto da mesquita de Azhar que foi a base da fundação da Universidade de al-Azhar em 970.

Outros relatos colocam-no na Síria o que seria improvável dado que há vários relatos dele no Egipto em 1038 ou mesmo em Bagdade dado que um seu trabalho, que será a resolução de um problema geométrico apresentado a al-Haytham nesta cidade.Existem no entanto várias explicações para os diferentes relatos visto que seria possível visitar qualquer destas cidades durante um tempo finito.

A bibliografia de ibn al-Haytham é muito extensa incluindo 92 trabalhos dos quais 55 sobreviveram sendo os temas principais a Óptica, onde se inclui uma teoria da luz e uma teoria da visão, a Astronomia e a Matemática, incluindo Geometria e teoria de números. Escreveu um trabalho de 7 volumes sobre Óptica sendo este considerado a sua maior contribuição e tendo sido traduzido para latim com o título “Opticae thesaurus Alhazeni” (tesouro de Óptica de Alhazen) em 1270. Este trabalho inclui uma introdução em que Alhazen “the inquiry into the principles and premises". His methods will involve "criticising premises and exercising caution in drawing conclusions" while he aimed "to employ justice, not follow prejudice, and to take care in all that we judge and criticise that we seek the truth and not be swayed by opinions”, o que traduz o rigoroso método experimental desenvolvido por ele, sendo por muitos historiadores considerado o pioneiro do método cientifico moderno. No Livro I deixa claro ainda que a sua investigação será baseada na evidência experimental e não em teorias abstractas.

Afirma que a luz é a mesma independente da fonte e dá a primeiro explicação correcta para a visão dizendo mostrando que é a luz reflectida por um objecto incidindo no olho. Propôs câmara escura sendo a primeira pessoa a mencioná-la. Discute a percepção visual, examina as condições necessárias para uma boa visão e como ocorrem os erros nela. É ainda apresentada uma teoria para a reflexão e para a refracção. É no seu estudo sobre a refracção que o leva a propor um limite para a atmosfera a cerca de 15km de altura e a explicar o crepúsculo pela refracção da luz solar quando o sol está abaixo de 19º do horizonte.

O seu problema mais famoso, o problema de Alhazen é também apresentado nesta obra: “Dada uma fonte de luz e um espelho esférico, qual é o ponto do espelho onde a luz será reflectida para o olho do observador”. Huygens reformulou este problema e encontrou uma boa solução tendo sido esta simplificada e melhorada por Riccati e depois Saladini.

Na Matemática al-Haytham atacou o problema de quadrar os círculos, isto é, de construir quadrados com a mesma área de uma circunferência usando régua e compasso, escrevendo o primeiro de dois tratados suspeitando-se que o considerava impossível visto nunca ter escrito o segundo. Na teoria dos números resolveu problemas envolvendo congruências usando o que agora é designado por teorema de Wilson, e também se acredita que foi ele que provou que para todo o número perfeito par é da forma 2^(k-1)(2^k – 1) onde 2^k – 1 é primo, resultado este que é o inverso do teorema de Euclides sobre números perfeitos que diz, “se para algum k>1, 2^k – 1 é primo então, 2^(k-1)(2^k – 1) é um número perfeito”. Esta afirmação é feita por Rasher embora nunca tenha sido encontrado, explicitamente, em nenhum trabalho de Alhazen, este resultado e que este tenha como autor Leonhard Euler.

Abu Ali al-Hasan ibn al-Haytham fez grandes avanços na Óptica, Ciências Físicas e no método científico, tendo tido grande influência nos trabalhos de Roger Bacon e Johannes Kepler. Morreu, possivelmente no Cairo, Egipto em 1040 aos 76 anos de idade.

Marco Gui Alves Pinto

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